São crescentes os ataques de hackers em todo o mundo, com os Estados Unidos da América a encabeçar a lista dos países mais afectados. A nível global, só em 2023, estima-se que as ameaças cibernéticas tenham causado perdas económicas globais de 8 mil milhões de dólares, sendo que as previsões para 2025 apontam para um aumento de 11%, para 10,5 mil milhões de dólares. Os dados são da Check Point Research, uma unidade de inteligência e pesquisa internacional.
De acordo com o estudo da entidade, em posse da imprensa, os ataques aumentaram de uma em cada 13 empresas em 2022 para uma em cada 10, em 2023, um aumento de 33% em um ano. Ao todo, há quase 60 mil tentativas de invasão por empresa por ano em todo o mundo, ou 1.158 tentativas de invasão por empresa por semana.
Os Estados Unidos da América (EUA) encabeçam a lista dos países mais afectados, tendo acumulado custos na ordem 9,48 milhões de dólares. Embora os EUA, o Canadá, o Médio Oriente e a Europa sejam as geografias preferenciais dos hackers, a África não deixa de registar aumento dessas ameaças.
Angola, por exemplo, país que concorre com a África do Sul a liderança da SADC, tem registado aumento significativo dessas práticas que visam a invasão e roubo de dados informáticos.
A Comissão de Mercado de Capitais (CMC), órgão responsável pela garantia e a eficiência, equidade, segurança e transparência do mercado de capitais, foi recentemente alvo de ataque de hackers. O ataque foi tão complexo que a entidade optou por alojar as suas informações ao website do Ministério das Finanças ao invés de reparar os danos, e preparar-se para travar ataques futuros.
É ainda difícil estimar os custos angolanos com os ataques informáticos, face à ausência de transparência na informação, sendo que, em muitos casos, os factos são inclusive dados a conhecer à imprensa por fontes sob anonimato, ao invés do canal de comunicação das instituições afectadas.
Diferente da CMC, que não conseguiu ou preferiu não recuperar o website o mais rápido possível, em 2019, a Sonangol, a petrolífera estatal, foi alvo de um ataque informático que a deixou totalmente paralisada.
De acordo com vários meios de comunicação, essa acção de terrorismo informático coincidiu com a realização em Luanda da conferência “Angola Oil & Gas” que juntou cerca de 500 gestores ligados a estas duas áreas e contou com a presença do Presidente João Lourenço.
Os “hackers“, segundo a imprensa, nacional e estrangeira, acederam a mais de 7.000 computadores da companhia, dos quais extraíram informações privilegiadas. O ataque terá deixado a gestão da empresa “desorientada”.
Ainda em Dezembro de 2021, o Consulado-Geral angolano em Lisboa, Portugal, sofrera um ataque informático dirigido à sua base de dados, que ficou bastante danificada.
Como consequência concreta do ataque, ficou afectado todo o sistema informático durante cerca de um mês, e foram apagados documentos como cédula, assento de nascimento, procuração, processo de casamento, salvo-condutos, facturas e registos de pagamentos, comprovativos e outros registos contabilísticos foram completamente “apagados” do sistema, sendo que, passados quase três anos, não há explicação aos contribuintes sobre a avaliação total e oficial dos danos que este “apagão de dados” terá causado ao Estado angolano.
Fonte: CK