Os analistas da Economist Intelligence Unit (EIU) conjecturam que o MPLA, no poder, voltará a vencer as eleições em Angola, em 2027, com João Lourenço a candidatar-se a um terceiro mandato, contornando o limite de dois imposto pela Constituição angolana. Para os economistas da revista britânica é “pouco provável” que a eleição seja livre ou justa, o que levará a tumultos, “mas o regime usará o seu controlo apertado sobre o aparelho de segurança, para reprimir a dissidência”.
Numa antevisão de Angola para 2024-2028, a unidade de análise da revista britânica salienta que o Presidente angolano, João Lourenço, deve eleger como prioridades no seu segundo mandato a luta contra a corrupção e a melhoria das condições de vida para recuperar a popularidade perdida.
Apesar do pouco progresso alcançado nas reformas e na diversificação económica, a EIU espera que João Lourenço e o MPLA mantenham o poder durante o seu segundo mandato “dado o seu forte controlo sobre o aparelho estatal”, e que o Presidente concorra a um terceiro mandato, vencendo as eleições de 2027.
“Mas é pouco provável que essa eleição seja livre ou justa”, lê-se no documento.
Os economistas prevêem também que o acto eleitoral não será pacífico “dada a insatisfação generalizada com o governo de longa data do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), que está no poder desde a independência em 1975.
Apesar de o MPLA não ter a maioria de dois terços no parlamento necessária para alterar o Constituição, a EIU admite que Lourenço “desrespeite a Constituição”, usando os seus poderes executivos ilimitados como o seu antecessor, José Eduardo dos Santos, que permaneceu no poder durante 38 anos.
Além disso, como “continua popular dentro do MPLA”, João Lourenço está em melhor posição do que outros líderes do partido para derrotar a oposição.
“Os partidos da oposição contestarão a medida e a votação em si não será livre nem justa, originando tumultos”, prevê o relatório, referindo que o regime usará o seu “controlo apertado sobre o aparelho de segurança”, para reprimir a dissidência.
O documento aborda também as relações de Angola com os países ocidentais que “estão a melhorar”, ajudando a garantir novos mercados e financiamento para infraestruturas, como o corredor do Lobito, infraestrutura ferroviária que vai ligar a Zâmbia e a República Democrática do Congo (RDC) àquela cidade portuária angolana.
Mas a EIU avisa que Angola terá de saber equilibrar esta aproximação com a relação com os seus parceiros de longa data, como a China (principal importador de petróleo e credor) e a Rússia, um dos grandes investidores no sector diamantífero de Angola.
Face à elevada procura de energia na Europa, a EIU prevê que neste campo Angola esteja numa posição de força e mantenha a sua reputação regional como importante potência militar, enquanto João Lourenço continua a mediar as conversações de paz entre a RDC e o Ruanda.
Segundo os analistas da EIU, o contingente de 500 soldados angolanos que foi destacado para a RDC para apoiar as operações de paz e o acantonamento do movimento rebelde M23 até Março 2024, deverá prolongar-se enquanto persiste o conflito.
“O acordo de partilha para a exploração e produção de hidrocarbonetos Angola-RDC que foi assinado em Junho de 2023 e o desenvolvimento do Corredor do Lobito fornece uma base sólida para o apoio militar” de Angola àquele país vizinho, sublinham no relatório.
Fonte: NJ