A agonia da empresa agrava-se todos anos, continua a perder importância e clientes nas suas áreas de negócio, perdeu em cinco anos 10.551 clientes na rede fixa de internet e 38.113 clientes na telefonia fixa. Não desenvolveu novos negócios, não se modernizou e tem as infraestruturas degradadas.
A empresa que nasceu para ser um gigante das telecomunicações está em falência técnica há vários anos, numa agonia em que não se vislumbra uma solução capaz de a manter viva. Em cinco anos, perdeu 10.551 clientes da rede fixa de internet, 63% do total que já teve, sendo que este poderia ser a área de negócio que face à realidade actual poderia equilibrar a actividade da empresa. Além das dificuldades financeiras, enfrenta a crise do modelo de negócio, assente na rede fixa, e da quase inutilização das suas infraestruturas espalhadas pelo País, que hoje não funcionam.
A situação de degradação actual da Angola Telecom começou a desenhar-se em 2003, quando deixou de ter o monopólio dos serviços de telefonia móvel, que era o negócio mais rentável da operadora. Na altura, o Estado decidiu separar o negócio dos telemóveis da Angola Telecom, criando a Movicel, que mais tarde, em 2007, foi privatizada.
De lá pra cá, a empresa estatal, que ficou apenas com os serviços de comunicação de dados (banda larga fixa) e rede telefonia fixa, nunca mais foi rentável e enfrenta desafios que possivelmente não irá superar.
A operadora tinha 15,1% da quota do mercado de banda larga fixa em 2019, com 16.581 clientes ligados à sua rede, num universo de 109.662. Em 2023, a operadora que detém a maior rede de infraestruturas em termos de abrangência, conta apenas com 4,4% num mercado com 137.323 subscritos à rede fixa de internet. Em termos percentuais, Angola Telecom teve um forte declínio na sua quota de subscrição, ao registar uma queda de quase 11 pontos percentuais em apenas 4 anos.
O mercado é dominado pela ZAP, com 51,1% e TV Cabo (34,0%), que acompanharam a dinâmica dos consumidores, que buscam cada vez mais qualidade, velocidade e confiabilidade nos serviços de internet, mas também pela evolução tecnológica e a agregação de outros serviços de telecomunicações aos serviços a ser fornecidos aos clientes, nomeadamente a TV por assinatura e telefonia.
Angola Telecom para o serviço banda larga fixa, que é um modelo de negócio que continua a ter o seu espaço, não acompanhou a inovação e a tendência tecnológica deste segmento do mercado, e agora, já está a ser ameaçada pelo operador Paratus (antiga ITA), que detém a 4º posição entre os provedores de internet, com 4,3%, sendo que o restante da quota (6,7%) do mercado dos 137.323 subscritores, está distribuído entre a Net One, Multitel, MS Telecom, Startel, Sistec e Infrasat.
Já no mercado de telefonia fixa, que é um negócio em extinção, com um queda de mais de 30% nos últimos cinco anos do número de subscritores, caindo de 124.726 em 2019, para 86.613 em 2023,e a Angola Telecom não consegui conservar a liderança do mercado que detinha até 2021, com 35,4% de quota de mercado na altura.
Neste segmento a operadora manteve uma tendência decrescente, com uma queda abrupta em 2022, saindo dos 35,4% no mercado de 120.013 subscritores para 15,3% em 2023, ficando apenas com 13.208, num mercado de 86.613, com a agravante de ser um negócio que atende a um nicho que se vai afunilando cada vez mais. A empresa do Estado, perdeu a posição de liderança para a TV Cabo que tem 37.694 dos 86.613 subscritores actuais, que corresponde a uma quota de 43,5 % e MS Telecom com 39,09%, perto de 34 mil clientes.
Fonte: Expansão