Angola regista, semanalmente, 2 mil ataques cibernéticos bem-sucedidos, o que perfaz 8 mil em cada mês, de acordo com o chefe do Departamento de Inspecção e análise da agência de Protecção de Dados (APD), José Quiombo, que falava ontem, durante a abertura da III edição do CyberSecur summit angola, que decorre em Luanda
Este número preocupante de ataques cibernéticos, segundo José Quiombo, justifica-se pelo facto de algumas instituições públicas ou privadas não terem a segurança cibernética ainda como uma prioridade. O responsável disse que existem algumas empresas que acham que investir na segurança cibernética é nada mais do que despesa para as suas organizações.
Sublinhou que no contexto actual em que Angola se encontra muito envolvida com a tecnologia e se quer colocar todo acervo das instituições na nuvem, requer que com esta digitalização haja uma consciencialização na segurança da informação que parte pela formação das pessoas singulares e profissionais da área. “Mas é notável que muitas em- presas ainda não perceberam a importância de manterem os seus da- dos seguros”, aclarou.
Em termos de protecção de dados, continuou, o país nesta altura vai fazendo o seu rumo através das notificações que as agências têm recebido, mas esta segurança está ainda aquém daquilo que são as expectativas da APD. “No evento verificou-se, através das empresas que fazem o monitoramento, que em termos de vulnerabilidades de ataques, o país ainda está num nível preocupante”, enfatizou.
O responsável da Agência de Proteção de Dados afirmou que a sua instituição tem encetado uma série de actividades no sentido de se manter num nível aceitável de protecção dos dados de forma a prevenir o atropelo da privacidade do cidadão. Relativamente às reclamações recebidas, referiu que há maior frequência de reclamações vindas de pessoas particulares que vêm dar a conhecer sobre clonagem de contas generalizadas. De acordo com as inspceções feitas daquilo que são os ataques cibernéticos, a banca teve alguns ataques, o mesmo aconteceu com o sector das telecomunicações.
Banca na liderança dos ataques
Actualmente, José Quiombo disse que a banca lidera o maior número de ataques cibernéticos com quatro bancos privados atacados, com um sucesso acentuado, mas nem todos foram bem-sucedidos e aqueles que tiveram sucesso, os bancos cuja organização e gestão é salutar, conseguiram contornar a situação sem que o seu sistema ficasse por baixo por muito tempo. Relativamente a processos sancionatórios, a APD teve dois processos sancionatórios, um sobre o Banco de Poupança e Crédito (BPC) com a máxima pecuniária de USD 150 mil, enquanto a Africell em função das atenuantes e a pronta manifestação em melhorar o que lhes foi apresentado pelos utentes, o processo foi mais negociável.
De acordo com a lei de 2011, o valor pecuniário, disse, atenta o valor que vai de 65 mil dólares a uma máxima de 150 mil dólares, infelizmente o valor em dólar para a realidade do país é convertido ao câmbio do Banco Nacional de Angola (BNA), mas está na forja o projecto lei para a sua actuaização. O responsável frisou que as questões dos ataques não são sobre “se acontecer, mas quando acontecer”. Entretanto, o responsável aclarou que o importante é que se tenha to- dos os mecanismos no sentido de se acontecer o ataque, que se tenha resiliência e se tomem medidas rapidamente.
José Quiombo disse que a APD tem um sistema informático para descoberta de tentativas de ataques cibernéticos e em caso de sucesso do ataque explicou que a agência tem procedimentos para reduzir o impacto do dano e assegurar a continuidade do serviço. A Agência de Protecção de Dados orienta os inscritos como devem estar protegidos de formas a não vazar dados pessoais, através do site www.apd.ao.
Fonte: OPAÍS