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Ambrósio de Lemos acusado de ter protegido trabalhadores fantasma

Na altura em que Ambrósio de Lemos era o comandante máximo da Polícia Nacional de Angola ignorou e escondeu a existência de milhares de funcionários “fantasma” numa escola da polícia, disse em tribunal o comissário Francisco Massota a ser julgado por vários crimes de corrupção. Massota disse que as acusações que lhe são feitas se devem ao facto de ter denunciado a existência de mais três mil polícias fantasmas na Escola Nacional de Formação de Polícia de Protecção e Intervenção de que era o responsável máximo.


Massota, conselheiro do comandante-geral da Polícia Nacional, acusou o ex-comandante-geral, comissário Ambrósio de Lemos de ter sonegado a denúncia feita por ele. O réu disse ter informado Ambrósio de Lemos que não iria assumir a responsabilidade pelo facto de estar a pagar salários a mais de quatro mil pessoas quando os funcionários da escola eram 600.


“Como é possível existirem 3.500 pessoas a mais na minha escola a receber salários?” interrogou Francisco Massota ao descrever o seu encontro com o então comandante geral da polícia. Massota disse ter ficado surpreso com a decisão tomada de o afastar da escola para conselheiro do comandante. “A decisão foi: esse gajo está a descobrir muitas coisas na polícia. Põe o gajo como conselheiro para lhe calar a boca”, disse.


O alto oficial da Polícia Nacional está a ser julgado por suposta prática de 30 crimes de burla por defraudação, conduta indecorosa e abuso no exercício do cargo, quando era o director da Escola Nacional de Formação de Polícia de Protecção e Intervenção. Além do comissário Francisco Massota, estão igualmente arrolados no processo como réus as agentes Márcia Crispin e Elisandra Tomás, os sub-inspectores Elsa Manuel e Belchior Kussendala, assim como o intendente Veloso Moisés, acusados de conduta indecorosa e burla por defraudação.

A acusação do Ministério Público Militar refere que em Maio de 2016, Francisco Massota, chamou ao seu gabinete as agentes Elisandra Tomás e Márcia Crispin, a quem orientou para encontrarem 100 cidadãos para o ingresso na Polícia Nacional, a troco de 300 mil kwanzas por cada processo. Francisco Massota terá arrecadado cerca de 26 milhões e 600 mil kwanzas com esse processo. Entretanto, o advogado Arão Tempo considera que as declarações de Francisco Massota deviam ser registadas no momento da investigação e que as entidades visadas deviam ser arroladas no processso em julgamento.

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