“Comunidade por comunidade, os grupos terroristas estão a alargar o seu alcance, a adicionar combatentes e recursos e a fazer causa comum com o crime organizado transnacional”, alerta António Guterres.
Em poucos anos, África tornou- -se o “epicentro global do terrorismo”, com grupos como o Da”esh, a Al- Qaida “a explorar conflitos e fragilidades locais para servir os seus próprios fins”, afirmou o secretário-geral da ONU, António Guterres, durante uma reunião de alto nível em Nova Iorque, nos EUA, do Pacto Global de Coordenação Contra o Terrorismo das Nações Unidas.
“Comunidade por comunidade, os grupos terroristas estão a alargar o seu alcance, a adicionar combatentes e recursos e a fazer causa comum com o crime organizado transnacional”, afirmou Guterres, apelando aos líderes africanos para erradicarem o terrorismo e o extremismo violento no continente.
Segundo o secretário-geral das Nações Unidas, os grupos terroristas estão a “destruir o tecido social de países inteiros com as lâminas da violência, da desconfiança e do medo” e os civis são “quem paga o preço mais elevado e, no final, toda a humanidade”.
Dirigindo-se a uma audiência de especialistas em contraterrorismo, funcionários governamentais e representantes da sociedade civil e do sector privado, o secretário-geral das Nações Unidas disse que a crise deve ser enfrentada de frente antes que saia do controlo, mas deixou claro que os esforços para combater o terrorismo devem estar ancorados nos direitos humanos, uma referência implícita à guerra em Gaza, que já matou mais de 25 mil palestinianos e desencadeou a maior vaga de refugiados, e as estratégias devem centrar-se nos marginalizados e vulneráveis.
Guterres destacou iniciativas positivas, como a task-force multinacional na Bacia do Lago Chade contra o Boko Haram, bem como a Missão de Transição da União Africana (UA) na Somália, além da resolução 2.719 do Conselho de Segurança sobre o financiamento de operações de apoio à paz lideradas pela União Africana.
É necessário abordar causas do terrorismo
“Mas precisamos de uma acção urgente numa escala muito maior do que a que vimos até agora”, sublinhou o chefe da ONU, destacando que as causas profundas do terrorismo, como a fragilidade e instabilidade, devem ser abordadas no quadro da Nova Agenda para a Paz, lançada em Julho passado.
Lançado em 2018, o Pacto Anti- -terrorismo é uma rede de 46 entidades das Nações Unidas e não pertencentes à ONU, que inclui também a INTERPOL, a Organização Mundial das Alfândegas e o Grupo de Acção Financeira, que combate o branqueamento de capitais e o financiamento do terrorismo. A reunião de alto nível do Pacto Global de Coordenação Antiterrorista da ONU, realizada há uma semana em Nova Iorque, nos EUA, abordou o aumento da violência e a propagação de redes terroristas. Os participantes também analisaram como os esforços antiterroristas podem ser alinhados com a Agenda 2030 sobre o Desenvolvimento Sustentável e a Agenda 2063 da UA.
Fonte: Expansão