O Presidente João Lourenço afirmou, quarta-feira, em Yokohoma, Japão, que “a questão central no continente africano assenta sobre o que temos de fazer rapidamente para resolver o problema da pobreza”.
Ao discursar na qualidade de Presidente da União Africana, na 9ª Conferência Internacional de Tóquio sobre o Desenvolvimento em África, João Lourenço acrescentou que dá um especial realce aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, “uma ferramenta útil que, associada à Agenda 2063 da União Africana, tem uma função impulsionadora se as implementarmos com empenho na resolução dos problemas mais críticos de África”.
O Presidente da República, João Lourenço, defendeu, ontem, em Yokohama, Japão, celeridade na recuperação da implementação dos planos nacionais e do continente, em geral, por forma a satisfazer as necessidades fundamentais das populações, de modo a resolver as questões essenciais que se prendem com a Saúde, Educação e a Segurança Alimentar.
O líder da União Africana, que discursava na 9ª Conferência Internacional de Tóquio sobre o Desenvolvimento de África (TICAD 9), teve este posicionamento em referência aos múltiplos desafios por superar e que condicionam o crescimento económico do continente e do mundo, como os resultantes da pandemia da Covid-19.
João Lourenço acrescentou, entre os desafios, que precisam ser implementados com urgência a construção de infra-estruturas energéticas e outras relacionadas com a mobilidade para se assegurar a circulação de pessoas e bens, o comércio e outras de que sobressaem as infra-estruturas de suporte à digitalização.
Para o Estadista angolano, que co-preside à Conferência, a probabilidade de os Estados avançarem com passos seguros na realização desses Objectivos “é tanto maior quanto nos compenetrarmos na ideia de que vivemos num mundo de absoluta interdependência entre as nações e que, por isso mesmo, não há alternativa ao multilateralismo, em cujo contexto se devem discutir os grandes problemas globais, assegurar o espírito de interajuda e garantir a cooperação e a solidariedade internacional para se resolverem os grandes problemas com que a Humanidade se confronta, principalmente a paz e segurança do nosso Planeta”.
A propósito, o Presidente da República sublinhou que no actual contexto mundial, caracterizado por uma volatilidade crescente, assiste-se ao ressurgimento do proteccionismo e das tensões geopolíticas, que põem claramente em risco a ordem mundial baseada no direito internacional e nas normas universais que regem as relações entre os Estados.
Durante o evento, em que participaram o Secretário-Geral das Nações Unidas, António Guterres, o representante do Banco Mundial e o Primeiro-Ministro Japonês, João Lourenço destacou a permanente dedicação do Japão a estes princípios, que estão em perfeita sintonia com as aspirações da União Africana, que considera o multilateralismo a base de uma ordem internacional justa, previsível e pacífica.
“Tudo isso está em perfeita consonância com os pilares temáticos da TICAD, que são, designadamente a Paz e a Estabilidade, a Economia e a Sociedade, conceitos muito concretos que nos colocam em perfeito alinhamento no caminho que conjuntamente percorremos em busca do progresso económico e social”, acentuou o Estadista.
Um parceiro coerente e fiável
No seu discurso, o Presidente destacou o nível de parceria entre o Japão e África, considerando-o um parceiro coerente e fiável, tendo apontado Angola como um dos exemplos desta parceria que resultou, até agora, em projectos estruturantes de grande importância para a economia nacional, e financiados sob condições bastante favoráveis.
“Tendo o Japão, na sua relação financeira com a África, uma atitude que se diferencia da de muitos outros credores internacionais do vosso porte, é oportuno referir que o continente africano continua a deparar-se com barreiras persistentes e um acesso limitado e sinuoso ao financiamento internacional, situação que se agrava com as notações de crédito que nos colocam vários desafios, uma vez que muitos países africanos são considerados mutuários de alto risco, dificilmente elegíveis ao capital de baixo custo, que é absolutamente essencial para o investimento em infra-estruturas, a electrificação, a industrialização e o avanço tecnológico”, disse.
O líder da União Africana mostrou-se, entretanto, regozijado por a parceria estratégica entre África e o Japão estar em perfeita harmonia com um dos eixos prioritários da Presidência da Organização Continental. Para o Estadista angolano, essa condição coloca o país asiático numa posição de parceiro “incontornável” na edificação de infra-estruturas em África, tema que vai ser debatido em Outubro na capital angolana.
João Lourenço aproveitou a oportunidade para convidar o Governo japonês a participar da Conferência Internacional de Luanda sobre o “Financiamento de Infra-estruturas como factor de Desenvolvimento de África”.
Fórmulas que facilitem o financiamento
O Presidente da República considera fundamental que a nível das instituições internacionais de crédito, e aquelas de apoio ao desenvolvimento, bem como os países credores, se consigam conceber fórmulas que facilitem o financiamento necessário à concretização da agenda de desenvolvimento de África, de que derivará a contribuição para o fortalecimento e uma maior resiliência da economia global.
Na sequência, João Lourenço alertou aos presentes que “nada do que viermos a decidir nesta importante conferência produzirá efeitos práticos sobre as economias africanas e sobre as consequentes melhorias das condições de vida das populações africanas se os esforços que temos envidado com tenacidade, com persistência e com perseverança para resolvermos todos os conflitos que ainda perduram no continente, não resultarem na estabilidade e numa paz efectiva e permanente”.
Lembrou, neste particular, estarem em curso em África vários processos de paz e de reconciliação nacional, alguns dos quais com desfechos que permitiram o retorno à reconciliação e à estabilidade, outros em fase de negociação com perspectivas bastante animadoras e uns quantos relativamente aos quais, lamentavelmente, ainda não se vislumbra uma solução de paz tão cedo.
Fonte: JA