Adriano Abel Sapinãla é deputado à Assembleia Nacional e secretário provincial da UNITA em Luanda. Em entrevista à imprensa, faz balanço do ano político 2023, apontando para várias acções realizadas pelos “maninhos” e garante haver máquinas afinadas para o embate eleitoral de 2027, onde, como afirma, deverão voltar a contar com Adalberto Costa Júnior no comando das operações. Além disso, justifica razões de os deputados do seu partido acederem às benesses do Parlamento, apesar de várias críticas, e avisa que a proposta legislativa de destituição do Presidente da República, embora tenha sido “chumbada” pela Assembleia, continua com “pernas para andar”.
Senhor deputado, hoje chefia a missão da UNITA em Luanda, depois de já ter assumido igual papel em outras províncias. Sente alguma diferença, sendo que se trata, agora, da maior praça política do País?
Como deve imaginar, uma trajetória dessa traz consigo as suas experiências. E, em relação ao que me pergunta, é que hoje estamos numa província em que temos alguma vantagem, no que a pluralidade de opiniões diz respeito. Como deve imaginar, as outras províncias são muito condicionadas em termos de pluralidade, e Luanda tem várias rádios, várias televisões; há uma opinião crítica que ajuda a construir a consciência do cidadão. Por outro lado, o facto de que, por mais que se possa fazer alguma coisa em relação ao nosso principal concorrente, as situações ou as condições sociais agravam-se cada dia que passa. O desafio de governar Luanda é extremamente mais complexo em relação às outras províncias, e qualquer político atento tira proveito destas situações.
Objectivamente, quais são os principais desafios políticos?
Os nossos principais desafios políticos são, por um lado, o agigantar do nosso partido a cada dia que passa, do outro, o acompanhamento efectivo das políticas governativas para a província de Luanda. Como deve imaginar, a nosso nível não estaríamos tão desatentos e que nos deixasse confortáveis sem acompanhar a dinâmica governativa. Quando trazemos aqui a perspectiva da dinâmica governativa, de um lado, é no âmbito do que se busca em relação às soluções para os cidadãos, do outro, é chamar atenção do que é necessário. Buscar caminhos melhores para as soluções e, ainda, trazer várias sugestões para que se possam encontrar respostas para um ou outro aspecto que assole a população da província de Luanda. Estamos envolvidos nas três dimensões, mas, como digo, o nosso papel como oposição é exactamente fazer oposição ao Governo e, sobretudo, buscar caminhos que tragam confiança entre nós e os cidadãos. E, nesta base, trabalharmos para que a simpatia ao nosso partido aumente e encontremos tranquilidade na busca dos desafios eleitorais. A política é uma actividade competitiva. Então, a qualquer momento quando estamos a falar de política, estamos a olhar para o que de melhor podemos fazer em relação ao nosso concorrente.
Como secretário da UNITA em Luanda, sente que já conseguiu impor – se à medida das estratégias e orientações do partido?
Primeiro, aqui dar o mérito ao deputado Nelito Ekuiki, que hoje está noutras responsabilidades a nível da franja juvenil do partido, pela vitória que conseguiu nas eleições passadas em Luanda. Em relação ao nosso trabalho, vem um pouco no esteio da continuidade do trabalho que ele fez. Tanto é assim que, felizmente, os nossos estilos de trabalho não são muito diferenciados. A gente tem uma relação de proximidade muito grande e, muitas vezes, até concertamos ideias no âmbito da actuação. Ele pode até ter saído do cargo, mas não é por isso que vai ter que abandonar, de todo, aquilo que possa ser a sua contribuição. Do outro lado, nós como os desafiados para esta empreitada, e aqui com as devidas aspas, vou citar um ditado popular na minha língua, mas traduzido em português: “se alguém atira-te uma bola, é porque sabe que tu és capaz de agarrá-la”. Pode-se trazer aqui como paralelo que, se a direcção do partido entendeu que depois da era do deputado Ekuiki, viéssemos nós, é porque de alguma maneira entendeu que também temos algumas valências, e poderíamos encarar o desafio de frente.
Fonte: NJ