Questões relacionadas com vistos estão a provocar as primeiras fissuras entre apoiantes do próximo Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, envolvendo entre outros o empresário Elon Musk e elementos conservadores fervorosamente contra a imigração.
No centro do debate estão os vistos H1-B, que permitem às empresas colocar nos Estados Unidos trabalhadores estrangeiros com qualificações específicas. O sistema é amplamente utilizado em Silicon Valley (centro tecnológico) e Elon Musk, um sul-africano que obteve este visto, é um fervoroso defensor da possibilidade de utilizar mão-de-obra estrangeira qualificada.
O homem mais rico do mundo, aliado próximo e apoiante financeiro de Donald Trump, afirmou na sua plataforma X, na quinta-feira: “trazer os 0,1% melhores talentos de engenharia através da imigração legal é essencial para que a América continue a vencer” no palco mundial.
E o milionário Vivek Ramaswamy, nomeado por Donald Trump, juntamente com Elon Musk, para chefiar uma comissão destinada a reduzir as despesas públicas, também defendeu o recurso a trabalhadores estrangeiros.
“A nossa cultura americana venera a mediocridade em vez da excelência há demasiado tempo”, afirmou o empresário, defendendo uma “mudança radical” para poder competir com a China.
As declarações indignaram personalidades conservadoras, que acusam os dois milionários de minimizarem as conquistas tecnológicas dos Estados Unidos.
O ultraconservador Stephen Miller, o próximo chefe de gabinete adjunto de Donald Trump na Casa Branca, publicou na rede social X um discurso do líder republicano de 2020 em que este elogia a “cultura” americana que tinha “dominado a eletricidade, dividido o átomo, dado ao mundo o telefone e a Internet”.
Stephen Miller chamava assim a atenção para o facto de Donald Trump ter sido de novo eleito com base numa plataforma predominantemente anti-imigração, considerando também que os Estados Unidos não precisam de mão-de-obra estrangeira qualificada para alcançarem grandes feitos.
Também na mesma rede social Elon Musk respondeu na sexta-feira que a sua empresa de veículos elétricos, Tesla, recebeu o nome do inventor de origem sérvia que chegou aos Estados Unidos no final do século XIX e que se notabilizou nomeadamente na área da eletricidade.
Na sua primeira campanha para a Casa Branca, em 2016, Donald Trump manifestou-se contra os vistos H1-B, que ele próprio admitiu utilizar nas suas empresas, mas que descreveu como “muito injustos” para os trabalhadores americanos, tendo enquanto Presidente feito algumas restrições aos H1-B.
Donald Trump ainda não se pronunciou sobre esta polémica
Fonte: LUSA