A ministra das Finanças aproveitou a apresentação de um estudo sobre inclusão financeira em Angola para garantir a normalidade quanto ao pagamento dos salários dos funcionários públicos no mês de Junho, face a receios de problemas devido à crise que o país atravessa, tanto cambial quanto de inflação nos preços dos produtos da cesta básica, apontando as receitas fiscais inferiores ao esperado como justificação para os problemas sentidos em Maio.
Depois de atrasos registados quanto aos pagamentos dos salários do mês de Maio, Vera Daves procurou agora salvaguardar a normalidade, sublinhando que já foram pagos a quase totalidades dos ordenados correspondentes ao mês de Junho.
A ministra das Finanças de Angola afirmou que os funcionários públicos podem ficar descansados com o pagamento dos salários, salientando que estão já liquidados a quase totalidade dos ordenados de junho.
Adiantou, segundo a Lusa, que foram já pagos 207 mil milhões de kwanzas e falta apenas liquidar um valor residual de pouco mais de 4 mil milhões Kz.
“Faltam 4,1 mil milhões de kwanzas por pagar, devem estar concluídos ainda hoje. Queremos tranquilizar as angolanas e os angolanos que o Estado continua a ser capaz de cumprir com os seus compromissos elementares — salários, serviços da dívida, despesas de funcionamento das principais instituições”, referiu a ministra.
Segundo Vera Daves de Sousa, os últimos atrasos salariais têm a ver com “algum desfasamento entre o momento em que entra a receita e a data dos nossos compromissos”.
“Isso faz com que algumas vezes aconteçam alguns atrasos, o que estamos a fazer para evitar esses atrasos, que temos consciência que tem impacto na vida das famílias, é com as unidades orçamentais calibrar prioridades”, disse Vera Daves de Sousa, ainda citada pela Lusa.
A governante angolana frisou que para algumas categorias de despesas o Governo tem que “recalibrar prioridades, condensá-las, reduzi-las”.
“Para que nesse ambiente em que as receitas fiscais são menores daquelas que esperávamos, estamos a ter a produção petrolífera com uma performance abaixo daquilo que prevíamos quando fechamos o OGE [Orçamento Geral do Estado], estamos a ter o preço do petróleo bastante volátil e nalguns meses abaixo daquilo que estava previsto”, salientou.
“Junho está tranquilo, vamos conseguir fechar todos os salários até hoje e já vamos a partir de amanhã começarmos a prepararmo-nos para que em Julho também consigamos e nos meses seguintes consigamos cumprir com esse compromisso tão importante para os funcionários públicos, no devido tempo e sem causar stresse às famílias”, destacou, ainda citada pela agência portuguesa de notícias.
As menores receitas fiscais referidas por Vera Daves são resultado de uma consistente redução do valor do petróleo nos mercados internacionais e a quebra na produção nacional, que tem igualmente sido consistentes nos últimos anos, estando actualmente abaixo de um milhão de barris por dia (mbpd), o que contrasta severamente com os mais de 1,8 mbpd há pouco mais de uma década.
Fonte: NJ