A compra e venda de ouro faz-se fundamentalmente em ourivesarias e nos mercados informais, com uma forte presença de empresários congolenses. A dimensão deste negócio baixou nos últimos anos, e são as alianças de casamento e os anéis de noivado que ainda suportam o mercado.
O comércio de ouro na cidade de Luanda é feito maioritariamente pela venda de alianças de casamento e anéis de noivado, concluiu o Expansão depois de ter feito uma pesquisa nos locais de venda da capital.
Os preços variam entre 150 mil Kz e 1,4 milhões Kz para as alianças e entre 100 e 500 mil Kz para os anéis, dependendo da qualidade do ouro e do seu peso, quilates.
Humberto Pedro, gerente da Ourivesaria Luanda, revela que já chegou a vender cerca de 40 pares de alianças por mês, o que representava uma facturação superior a 4 milhões Kz mensais. “Estamos no mercado há 16 anos. Vendemos brincos, anéis, mascotes e fios de ouro de 9, 14 e 18 quilates.
Abrimos em Agosto de 2009 e, até 2017, o negócio era muito mais rentável. Facturávamos até 9 milhões Kz por mês. Mas desde então, com a inflação e a desvalorização do kwanza, o mercado encolheu. Hoje, os clientes procuram mais alianças e anéis de noivado”, explica.
Recorde-se que o hábito de transformar as poupanças em ouro que existia no passado, praticamente desapareceu ao longo dos últimos 20 anos, o que juntamente com a perda do poder de compra das famílias, acabou por diminuir a procura.
O negócio das ourivesarias não se limita à compra e venda de ouro, como nos explica Humberto Pedro. “Não nos limitamos a comprar e revender. Produzimos, transformamos metais como ouro, prata e zircónio em peças acabadas. Infelizmente, muitas lojas que se autodenominam ourivesarias hoje apenas compram para revender, sem qualquer processo artesanal”, critica.
No mercado do São Paulo, uma vendedora que preferiu o anonimato confirma a queda nas vendas. “Antes, quando o dólar e o euro estavam mais baixos, comprávamos ouro na Baixa da Banheira, em Portugal, e vendíamos aqui com facilidade. Hoje, só consigo vender anéis e alianças. Os preços variam entre 130 mil e 350 mil Kz para os anéis e 250 mil e 500 mil Kz para as alianças. Facturar até 2 milhões por mês já é raro”, lamenta.
Muitas vezes, neste negócio informal de ouro, a origem e a autenticidade dos produtos pode ser duvidosa. Compra e revenda de ouro Há uns anos a esta parte surgiu na cidade com maior exposição o negócio de compra e venda, anunciado em placards e prospectos publicitários. Embora envolva comerciantes de várias nacionalidades, são especialmente empresários congolenses, muitos deles concentrados no bairro do Palanca, que lideram esta actividade.
Muitos percorrem bairros a anunciar a compra de ouro usado, danificado ou quebrado. Issa T., comerciante congolesa, afirma que compra ouro para revender a colegas que reciclam ou exportam. “Pago 70 mil Kz por grama de 18 quilates, 50 mil Kz por 14 quilates e 30 mil Kz por 9 quilates. Revendo com lucro de 5 a 10 mil Kz, mas se transformar em novas peças, o ganho é maior”, explica.
Normalmente têm os seus canais nas lojas formalizadas, mas também em empresários que levam o ouro para o exterior. Tudo depende da qualidade das peças, que são o centro deste negócio. Muitos cidadãos não têm a noção aproximada do valor das peças de ouro que possuem, normalmente jóias de família, e que proporcionam a estes comerciantes maiores margens de lucro.
Humberto Pedro confirma que o mercado mudou. “Antes, comprávamos jóias Portugal ou no mercado do São Paulo. Tínhamos licença para vender diamantes, mas ela foi retirada em 2018. Hoje, compramos nos mercados Asa Branca, Hoji-ya-henda e Praça dos Kwanzas, além de clientes que nos trazem peças para transformar”, afirma. Desafios do sector O número de estabelecimentos que se autodenominam ourive
Fonte: Expansão