Circula na rede social Facebook uma suposta tabela salarial, sem subsídios, de funcionários da Sonangol, na qual é destacado que o presidente do Conselho de Administração da petrolífera angolana, Sebastião Pai Querido Martins, encaixa uma remuneração mensal de 10 milhões e quinhentos mil kwanzas, equivalente a 11,6 mil dólares. Será verdade que o ordenando mensal do “big boss” da maior empresa de Angola é o que consta na lista partilhada?
Em várias publicações nas redes sociais alega-se que a deputada angolana Mihaela Webba, da UNITA, terá partilhado “uma lista da tabela salarial da Sonangol, onde se espelha o salário base que os funcionários da Sonangol recebem mensalmente”.
Com destaque para o presidente do Conselho de Administração no topo da lista, supostamente com um salário base de 10,5 milhões de kwanzas por mês.
De facto, no dia 3 de Janeiro do presente ano, a vice-presidente do Grupo Parlamentar da UNITA, a deputada Mihaela Webba, publicou no Facebook a referida tabela salarial, acompanhada da seguinte frase: “Tal como recebi.” O que originou mais de mil reações e centenas de comentários. No documento é apontado como fonte o Sistema Integral de Gestão Financeira do Estado (SIGFE), assim como o Ministério da Justiça e dos Direitos Humanos.
Será verdade que o ordenado mensal do presidente da maior empresa de Angola é o que consta na lista partilhada nas redes sociais?
Não. O Polígrafo África questionou o director de comunicação e marca da Sonangol, Dionísio Rocha, sobre a autenticidade da folha salarial que circula nas redes sociais, na qual se indica que o presidente do Conselho de Administração da petrolífera nacional recebe um salário base de 10 milhões e quinhentos mil kwanzas, correspondente a 11,6 mil dólares, tendo este respondido que o documento e os números são “totalmente falsos”.
Quanto à pergunta sobre qual é o salário real de Sebastião Pai Querido Martins, o responsável pela comunicação da Sonangol remeteu-se ao silêncio.
Entretanto, o Polígrafo África analisou o Relatório Anual e Contas da Sonangol referente ao exercício financeiro de 2023 e verificou que a petrolífera não detalha quanto paga aos seus gestores pelo trabalho prestado àquela empresa pública.
No documento, a nota sobre custo com pessoal assinala, todavia, que a Sonangol gastou no ano passado, entre salários, outras remunerações e subsídios, mais de 529 mil milhões de kwanzas, equivalente a 585 milhões de dólares, com os seus 7.829 funcionários.
Numa entrevista à Radio Essencial e reproduzida pela Agência Lusa, em Janeiro do presente ano, a empresária e antiga presidente da Sonangol, Isabel dos Santos, revelou que enquanto esteve à frente da petrolífera angolana, entre Junho de 2016 e Novembro de 2017, a sua remuneração mensal era equivalente a 50 mil dólares.
O que evidencia, claramente, que a remuneração mensal do actual presidente da Sonangol, Gaspar Martins, não corresponde a 10 milhões e quinhentos mil kwanzas.
Fonte: Polígrafo África