
O político congolês Moïse Katumbi enalteceu, em comunicado divulgado sábado pela imprensa congolesa, o “papel proeminente e os esforços incansáveis” do Presidente João Lourenço na busca por uma paz verdadeira e duradoura na República Democrática do Congo (RDC), apurou o Jornal de Angola.
Reagindo a mensagem sobre o estado da Nação, proferida pelo Chefe de Estado angolano, em que aborda a situação na RDC, e citado pela imprensa do seu país, o líder da formação política na oposição, Ensemble pour la République, (Juntos pela República) manifestou a sua colaboração activa para promover os ideais de paz, justiça e prosperidade em benefício de todo o povo congolês.
Segundo o comunicado, a figura política na oposição congratulou-se com o que chamou de “posição corajosa e visionária assumida por Sua Excelência João Lourenço, Chefe de Estado da República de Angola e actual Presidente da União Africana, expressa durante o seu discurso sobre o estado da Nação aos eleitos angolanos”.
Fazendo referência aos apelos e ao diálogo nacional inclusivo na RDC, que estão a crescer, dentro e fora do país, o partido “Juntos pela República” de Moïse Katumbi saúda o facto de o Presidente João Lourenço se ter referido “às questões reais que devem ser abordadas para alcançar uma paz duradoura, não só no Leste da RDC, mas também em toda a Região dos Grandes Lagos”.
Ao identificar a retirada das tropas rwandesas, o desmantelamento definitivo das Forças Democráticas de Libertação do Rwanda (FDLR), milícias hútus que operam a partir do território da RDC contra o Rwanda, e a manutenção de um diálogo político inclusivo como as três condições para uma paz duradoura na República Democrática do Congo, “o Presidente Lourenço de- monstra um compromisso forte e determinado com a estabilidade do nosso país e da região dos Grandes Lagos”, diz o comunicado do partido de Katumbi.
Moïse Katumbi reafirma, ainda, por via do comunicado, o seu apoio inabalável ao apelo do Presidente Lourenço para a necessidade de todas as partes aproveitarem o actual quadro político para empreenderem iniciativas de diálogo e paz na RDC.
Diálogo nacional sob a égide da Conferência Episcopal Nacional
Moïse Katumbi defendeu que o diálogo nacional inclusivo deve ocorrer sob a égide da Conferência Episcopal Nacional do Congo (CENCO) e da Igreja de Cristo no Congo (ECC), enquanto pressuposto e caminho essencial para abordar as causas profundas da crise, restaurar a paz e a estabilidade e recolocar o país no caminho certo, respeitando a Constituição e as aspirações do povo congolês.
“Reiteramos o nosso compromisso de apoiar qualquer iniciativa que promova este diálogo inclusivo, reunindo todos os componentes da sociedade congolesa, a maioria presidencial, a oposição desarmada, a AFC/M23 e a sociedade civil para construir um consenso nacional duradouro”, disse Katumbi.
O político lembrou que se passam dois meses após a publicação do roteiro pelas confissões religiosas, e o Chefe de Estado, Félix Tshisekedi, ainda não tomou uma decisão sobre a convocação do diálogo nacional, apesar dos múltiplos apelos das forças políticas e sociais congolesas, bem como de alguns países parceiros.
Durante uma conferência de imprensa, a 8 de Outubro, o porta-voz do Governo garantiu que o Chefe de Estado “está disposto a seguir em frente” e que, no devido tempo, vai fazer o seu pronunciamento com as modalidades de implementação desta iniciativa.
Em declarações à comunidade congolesa em Bruxelas, no sábado, Félix Tshi- sekedi rejeitou, no entanto, a ideia de um diálogo envolvendo representantes ligados à “agressão” de que o seu país é vítima.
Recorde-se que o Governo da RDC e o grupo M23 assinaram, a 14 de Outubro, em Doha, Qatar, um acordo para a criação de um mecanismo conjunto de observação e verificação do cessar-fogo que foi rubricado em Julho.
O acordo de verificação foi assinado pelo negociador chefe do grupo M23, René Abandi, e pelo representante do Presidente congolês Félix Tshisekedi, Sumbu Sita. Estiveram presentes delegações do Qatar, Estados Unidos e da União Africana.
Fonte; JA