Centenas de trabalhadores, estudantes e doentes, residentes na Comunidade do Mundial, e nos seus bairros adjacentes, continuam a enfrentar sérias dificuldades durante a época chuvosa, devido a falta de vias de acesso adequadas.
A ponte sobre o Rio Wala, cuja requalificação representava uma esperança para esta população, mantém-se inacabada, deixando os moradores isolados, e sem ligação ao resto do território da província de Luanda.
As fortes chuvas que caíram na última terça e quarta-feira, 11 e 12, agravaram ainda mais a situação, destruindo as esperanças de melhorias imediatas. Cenário que repete-se a cada época chuvosa, evidenciando a incapacidade das autoridades, em resolver o problema.
Apontam os moradores ouvidos pelo Correio da Kianda, que por conta da alegada falta de vontade política em resolver a situação, um exemplo trágico foi a morte recente de duas senhoras grávidas em trabalho de parto, que não conseguiram ser transportadas para a unidade sanitária mais próxima devido a inexistência de acessos.
O PROBLEMA NA PERSPECTIVA TÉCNICA
Em conversa com um técnico de obras da Comunidade do Mundial, que preferiu não ser identificado, este afirmou: “os chineses não são o problema. Nós é que somos. Falta-nos planeamento e seriedade. A questão do rio exige um estudo técnico aprofundado. Primeiro, deve-se envolver um gabinete especializado que faça o levantamento das condições e apresente um projecto bem estruturado. Depois disso, é preciso contratar empreiteiros competentes e garantir uma fiscalização rigorosa”.
O técnico também destacou que, durante a fase de requalificação, muitos moradores ofereceram sugestões valiosas para melhorar a infraestrutura, e resolver o problema de forma definitiva. No entanto, disse, as suas contribuições foram ignoradas, e optaram por desconsiderar as vozes de quem vive e conhece a realidade no terreno.
FALTA DE PARTICIPAÇÃO DA COMUNIDADE
António Peter, morador da área, reforçou a crítica à postura das autoridades: “A rejeição das contribuições dos habitantes reflecte a falta de respeito e de profissionalismo por parte da administração. É como se a especialidade deles fosse ignorar as nossas necessidades”, lamentou.
De recordar, que a comunidade do Mundial continua à espera de uma solução prática e urgente. Enquanto isso, o isolamento em tempos de chuva persistem, numa realidade que parece distante das prioridades das autoridades locais.
Fonte: CK