Foi tensa a reunião desta quarta-feira entre o presidente dos EUA, Donald Trump, e o seu homólogo sul-africano, Cyril Ramaphosa. A CNN Internacional fala mesmo num cenário de “emboscada”.
Trump recebeu o líder da África do Sul na Sala Oval e confrontou-o com um tema bastante empolado pela extrema-direita a nível mundial: as alegações de que está a haver um genocídio contra os Afrikaners, população branca residente na África do Sul.
O presidente americano exibiu uma compilação de vídeos que, segundo a administração Trump, comprovam a ocorrência de crimes contra a população branca do país africano. Tudo isto perante um presidente sul-africano que é negro.
“Temos centenas de pessoas, milhares de pessoas a tentar entrar no nosso país porque sentem que vão ser mortas e que as suas terras vão ser confiscadas, e temos leis que foram aprovadas que vos dão o direito de confiscar terras”, disse Trump a Ramaphosa na Sala Oval.
Na verdade, o primeiro grupo de sul-africanos brancos a chegar aos EUA com o estatuto de refugiados era de apenas 59 pessoas.
O presidente dos EUA prosseguiu e perguntou ao líder sul-africano se concorda com a linguagem utilizada nos vídeos que mostrou.
“Opomo-nos totalmente a isso. Em 1995, adotámos um documento que diz que a África do Sul pertence a todos os que lá vivem”, disse Ramaphosa.
“Mas porque é que não prenderam aquele homem? Aquele homem disse ‘matem os agricultores brancos’ e depois dançou”, retorquiu Trump. “Vocês permitem que eles confisquem as terras e, depois, quando as confiscam, matam o agricultor branco, e quando matam o agricultor branco nada lhes acontece”.
Cyril Ramaphosa tentou aliviar o ambiente com uma piada. “Lamento não ter um avião para lhe oferecer”, brincou o presidente sul-africano, recordando o avião que o Catar ofereceu aos Estados Unidos, e que vai ser transformado para ser o próximo Air Force One. Trump respondeu, com um ar sério, dizendo que aceitaria uma hipotética oferta.