O Instituto Nacional de Estatística de Angola publicou, na semana passada, os resultados definitivos do Censo 2024, realizado no final do ano passado. O Censo esteve envolvido num conjunto de peripécias. O Censo arrancou mais tarde do que estava inicialmente previsto e depois teve que ser prolongado porque correu mal, muitas pessoas não foram licenciadas.
E, portanto, agora foram apresentados os resultados definitivos. E o que é que revelam estes resultados? Estes resultados revelam uma população de 36.604.681 indivíduos. Se compararmos com o Censo de 2014, temos um aumento de quase 142% de números redondos.
Em 2014, a população angolana era de 25.789.024. Outra das conclusões interessantes é que a população angolana está mais velha. Em média, os angolanos em 2024 tinham 23,2 anos contra 20,6 em 2014, no último Censo. Portanto, temos aqui um aumento de números redondos de 13 anos.
O envelhecimento da população também é visível na idade mediana. Agora, metade dos angolanos têm menos de 18 anos e quando em 2014 a idade mediana era de 16 anos. Enfim, envelheceu, mas continua muito jovem, não é? Porque uma população com uma idade média de 23,2 anos é muito jovem e também é mediana, não é? Estamos em Angola, um país onde 50% da população tem menos de 18 anos.
Houve também, como eu dizia, muita peripécia, muitos problemas à volta do Censo. E agora, a questão é, foi um Censo e qual é a validade destes números? Eu dizia que havia muitas peripécias, que o Censo teve que ser adiado primeiro e prolongado depois. E agora ficamos a saber que o Censo não contou 28,3% da população.
Portanto, isto significa que o Censo, na classificação da ONU, é um Censo mau. A ONU diz que os Censos que omitem mais de 10% da população são considerados Censos maus. E de onde é que vêm os resultados? Estes resultados vêm porque depois do Censo, em abril de 2025, o Instituto Nacional de Estatística fez um inquérito de cobertura e, portanto, no fundo, que corrigiu, digamos, os resultados que tinham sido obtidos pelo Censo.
Ora, o Censo é contagem da população, contagem do número de cabeça, mas os resultados que foram divulgados não passam de estimativas, de projeções da população. Na realidade, eu não sei, as instituições internacionais ainda não se pronunciaram, mas, na realidade, este Censo, vale o que vale, na medida que deixou, como se sabia e como se desconfiava, deixou milhões de pessoas fora.
Portanto, 28,3%, um em cada três angolanos, não foram contados pelo Censo, números redondos.
Portanto, estes resultados, valem o que valem, são uma projeção, a amostra é grande, mas, na realidade, estes resultados, este Censo, vale o que vale.

