A china continua a ser um dos maiores credores do País, já que do total de 47.402 milhões USD por pagar ao estrangeiro 13.417 milhões são “kilapes” aquele País da Àsia. Ao todo, cada um dos angolanos já só deve 371 USD ao gigante de asiático, quando por exemplo em 2017 os angolanos deviam cerca de 818 USD.
O stock da dívida pública externa angolana caiu 1% para 47.402 milhões USD no I semestre deste ano face aos 47.910 milhões USD registado em Dezembro do ano passado, ou seja, a dívida ao estrangeiro encolheu 508 milhões USD nos primeiros seis meses do ano. Contas feitas, cada um dos 36,2 milhões de angolanos deve 1.310 USD ao estrangeiro, de acordo com cálculos do Expansão com base nos relatórios de execução orçamental publicados pelo Ministério das Finanças (MinFin).
A China continua a ser um dos maiores credores do País, já que de um total de 47.402 milhões USD por pagar ao estrangeiro, 13.417 milhões USD são “kilapis” àquele país da Ásia. Ao todo, cada um dos angolanos só já deve 371 USD ao gigante asiático, quando, por exemplo, em 2017 os angolanos deviam cerca de 818 USD, o que representa uma queda 447 USD. Ou seja, a dívida do povo angolano caiu mais de metade (55%) em sete anos e sete meses.
E na base está o facto de a dívida à China estar a cair substancialmente há sete anos (depois de ter atingido o pico de 22 mil milhões USD em 2017), devido, sobretudo, ao objectivo do Governo em acelerar os pagamentos a fim de acabar com o modelo oil-backed, aquela que é a dívida garantida pela exportação de petróleo e que tem como maiores (e únicos) credores três bancos chineses (ler página ao lado).
Associado a esta queda da dívida por cidadão está também o aumento da população, que cresce a uma média de 3% ano. Em 2017 eram de 28,4 milhões de habitantes e actualmente está à volta de 36,2 milhões, de acordo com os dados do INE.
O MinFin não descreve todos os credores e nem apresenta a dívida total por País. Entretanto, no I trimestre deste ano, os dados do BNA (que geralmente não batem “ipsis verbis” com os dados divulgados pelo MinFin), apontavam que a dívida externa angolana “parqueada” no Reino Unido já ultrapassou a China.
Para o economista Yuri Quixina, o facto de a dívida externa estar a baixar é um sinal positivo, mas entende que toda redução de dívida pública sem crescimento económico sustentável tem um custo enorme para a população.
“No nosso caso tem sido o aumento dos impostos de forma continuado, matando algumas empresas e empreendimentos. E como consequência temos o desemprego e empobrecimento das famílias, bem como da economia no geral”, aponta. E acrescenta: “quem paga a dívida do Estado são os pagadores de impostos que são os cidadãos angolanos. Quanto maior for a dívida pública sem crescimento económico sustentável, o Governo vai ao bolso dos cidadãos com mais força e maior será o sacrifício e a pobreza no país expandir-se-á”.
A dívida pública externa está catalogada por seis áreas de credores: dívida comercial (bancos estrangeiros), multilateral (instituições internacionais como o FMI e o Banco Mundial), bilateral (Estado a Estado), fornecedores, subscritores dos Eurobonds e dívida de Empresas Públicas.
Assim, no I semestre deste ano, a dívida comercial, que vale 40% da dívida total, caiu igualmente 1%, equivalente a 261 milhões USD, para 19.073 milhões. Dentro da dívida comercial, os três maiores credores são dois bancos chineses, nomeadamente o Banco de Desenvolvimento da China (10.163 milhões USD) e o Banco Industrial e Comercial da China (3.994 milhões) e o britânico Standard Chartered, a quem Angola deve 1.441 milhões USD.
As instituições multilaterais representam 21% da dívida externa angolana, totalizando 10.011 milhões USD no final do segundo trimestre, em que os maiores credores são o Banco Mundial (4.692 milhões USD), o FMI (3.705 milhões USD), e o BAD (11.211 milhões).
Já a dívida a investidores de eurobonds equivale hoje a 19% da dívida externa, enquanto a dívida bilateral, a outros países, vale 8%. A China é de longe o maior credor da dívida bilateral angolana (2.266 milhões USD), seguindo-se Portugal (251 milhões) e o Canadá (217 milhões).
Fonte: Expansão
