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Batalha do Cuito Cuanavale exaltada no Freedom Park

A cerimónia dos 35 anos da Batalha do Cuito Cuanavale, assinalada a 23 deste mês, foi comemorada, ontem, no Freedom Park, na cidade de Pretória, África do Sul, com a participação na actividade de membros dos partidos MPLA (Angola), SWAPO (Namíbia) e ANC (África do Sul).

Na mesma cerimónia estiveram representantes das Embaixadas de Angola e de Cuba, bem como convidados com destaque aos membros das comunidades angolanas e cubanas.

O convidado de honra foi o ministro dos Desportos, Arte e Cultura da África do Sul, Zizi Kodwa, que por razões de saúde foi substituído à última hora pela secretária-geral adjunta, Mandisa Tshikwatamba.

Todos os discursos convergiram em torno da importância da data para a libertação da África Austral, irmandade e solidariedade dos povos, preservação da paz, consolidação da democracia e estabilidade económica.

Em nota, a missão diplomática angolana em Pretória refere que foi destacada, também, “a bravura de valorosos combatentes, com o apoio de Cuba e da antiga URSS e dos seus líderes à época – particularmente do papel do Presidente José Eduardo dos Santos”.

Adams Queta, falando em nome do MPLA, destacou as “excelentes relações” de cooperação entre Angola e África do Sul e o legado que os resultados da Batalha do Cuito Cuanavale deixa para as novas gerações.

Por sua vez, o encarregado de Negócios da Embaixada de Angola na África do Sul, conselheiro Eduardo Joaquim Kondua, realçou o papel do país para o fim do Apartheid, a Independência da Namíbia e a libertação de Nelson Mandela.

  General defende mais divulgação da histórica vitória militar

O general na reforma Clemente Cuanjuca defendeu, em Ndalatando, província do Cuanza-Norte, maior promoção e divulgação da histórica Batalha do Cuíto Cuanavale, travada a 23 de Março de 1988, contra o regime do Apartheid, com vista à transmissão de conhecimentos às gerações mais jovens.

Intervindo na conferência sobre “A importância da Batalha do Cuíto Cuanavale na Libertação da África Austral”, o antigo secretário de Estado dos Antigos Combatentes e Veteranos da Pátria realçou que tudo deve ser feito para a preservação da História desta vitória militar.

Clemente Cuanjuca disse ser necessário que os jovens conheçam a história da Batalha do Cuito Cuanavale, para perceberem o caminho percorrido, os sacrifícios consentidos e, sobretudo, como projectar-se o desenvolvimento do país, no contexto da África Austral.

Considerou, por isso, ser imperiosa a realização contínua de ciclos de palestras nas escolas e universidades, inserção do tema em manuais escolares, para a divulgação destes e outros aspectos relevantes da História de Angola, em particular, da Batalha do Cuito Cuanavale.

Para o antigo secretário de Estado, o fim da Batalha marcou um ponto decisivo de viragem na guerra em Angola e abriu portas ao derrube do regime de segregação racial do Apartheid, que vigorou na África do Sul, e à Independência da Namíbia. Acrescentou que colocou ponto final às agressões das forças da África do Sul contra os países da África Austral, nomeadamente, Moçambique, Malawi, Swazilândia e Lesotho.

Sublinhou que esta Batalha representou o cumprimento do pensamento estratégico de Agostinho Neto, primeiro Presidente de Angola, segundo o qual na Namíbia, na África do Sul e no Zimbabwe estava a continuação da luta do povo angolano.

Descreveu, também, os acontecimentos que marcaram o país, desde a proclamação da Independência Nacional a 11 de Novembro de 1975 até ao desfecho da Batalha do Cuito Cuanavale. Após isso, solicitou aos jovens para honrar e dignificar o sacrifício consentido pelos combatentes da liberdade de Angola e da África Austral, por via da preservação da paz e da contribuição para o desenvolvimento do país.

O general frisou que a velha geração consentiu sacrifícios para o alcance da Independência e da paz, por isso, é chegada a hora da nova geração consenti-los, igualmente, para o desenvolvimento do país.

 Dirigindo-se aos presentes, o primeiro Secretário Nacional da JMPLA, Crispiniano dos Santos, apelou aos jovens a esquecerem as contradições do passado trazidos pelos então movimentos de libertação nacional (MPLA, FNLA e UNITA), a fim de caminharem juntos para desenvolver Angola.

Defendeu a valorização dos que consentiram sacrifícios para a libertação do país e da África Austral, ao passo que o governador do Cuanza-Norte, Pedro Makita, pediu a união dos angolanos em torno do desenvolvimento, independentemente das ideologias.

A actividade promovida, quinta-feira, pelo Secretariado Nacional da JMPLA, insere-se no programa da jornada patriótica da organização, denominado “JMPLA ao encontro da juventude angolana”, e serviu para saudar a data, no Cuanza-Norte. Foi presenciada por membros do Governo Provincial, entidades religiosas, autoridades tradicionais, antigos combatentes e estudantes.

  Reafirmada valorização dos precursores do 23 de Março

O governador em exercício do Cunene, Apolo Ndinoulenga, reiterou a necessidade dos povos da África Austral continuarem a valorizar o legado dos precursores da Batalha do Cuito Cuanavale, por forma a perpetuar os feitos.

No acto provincial do 23 de Março, Dia da Libertação da África Austral, o responsável notou que a Batalha do Cuito Cuanavale representa um marco de viragem do fim da guerra que se arrastava há anos.

Referiu que a Batalha forçou a assinatura dos Acordos de Nova Iorque, dando origem à implementação da Resolução 435/78 do Conselho de Segurança da ONU, que levou à retirada das forças cubanas de Angola, a libertação de Nelson Mandela e a Independência da Namíbia.

Disse que as palavras de ordem do então Presidente da República, Agostinho Neto, segundo as quais “No Zimbabwe, na Namíbia e na África do Sul está a continuação da luta” concretizaram-se.

Reconheceu o espírito patriótico e a bravura dos angolanos que contribuíram para o fim do Apartheid, a libertação de Mandela e a implantação da democracia multipartidária e multirracial na África do Sul.

Apolo Ndinoulenga realçou, na última quinta-feira, que a Batalha é até hoje um dos maiores confrontos militares da guerra pós-independência angolana, além de ter sido a mais longa no continente africano, depois da Segunda Guerra Mundial.

Sob o lema “Honra e glória à memória dos bravos libertadores da África Austral”, a celebração do 23 de Março foi marcada com a realização do colóquio sobre os “Antecedentes da Batalha do Cuito Cuanavale e seus benefícios na região Austral”.

  Homenageados heróis da liberdade da África Austral

O Governo Provincial do Cuanza-Sul homenageou, na cidade do Sumbe, os combatentes da Batalha do Cuito Cuanavale, com a deposição de uma coroa de flores no Monumento dos Heróis do 23 de Março.

O acto foi orientado, quinta-feira, pela vice-governa-dora para o Sector Político, Económico e Social, Emília Tchinawalile, e contou com a participação de membros do Governo, representantes dos órgãos de Defesa e Segurança, antigos combatentes, ex-militares, entre outros convidados.

Na ocasião, o major na reforma Casimiro José, que participou na guerra, destacou a importância da Batalha do Cuito Cuanavale para Angola e para a África Austral, lembrando que influenciou a Independência da Namíbia e o fim do antigo regime do Apartheid na África do Sul.

Salientou que o evento acabou com o mito da invencibilidade do exército sul-africano que se viu obrigado a negociar, culminando com os acordos de Nova Iorque e a descolonização da Namíbia e a libertação de Nelson Mandela.

Por sua vez, o tenente-coronel Manuel Simões defendeu maior divulgação dos feitos dos heróis da Batalha do Cuito Cuanavale, de modo a servir de inspiração para as novas gerações, em prol da defesa da pátria.

“É com muito orgulho que participei nesta guerra. Esta data deve servir de reflexão, pois pensamos que os nossos feitos devem ser mais divulgados para servir de inspiração, sobretudo, para a juventude. Por isso, vamos continuar a transmitir o legado, para que a História não se apague”, acrescentou.

A Batalha do Cuito Cuanavale foi o maior confronto militar da guerra civil no país, ocorrido entre 15 de Novembro de 1987 e 23 de Março de 1988, na província do Cuando Cubango, entre os exércitos de Angola (FAPLA) e Cuba (FAR) contra a UNITA e o exército sul-africano.

O evento tornou-se o ponto de viragem na guerra que já durava há vários anos, incentivando um acordo entre sul-africanos e cubanos, para a retirada das tropas e a assinatura dos Acordos de Nova Iorque, que deram origem à implementação da Resolução 435/78, do Conselho de Segurança da ONU.

Os Estados-membros da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) adoptaram, em Windhoek (Namíbia), em 2018, por unanimidade, o 23 de Março como Dia da Libertação da África Austral.

Fonte: JA

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